sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Rumores: "eu não sei, mas ouvi dizer que..."

Não é muito difícil imaginar como um rumor tem início. Xbox 720 com matriz holográficaGTA V na era vitoriana? Ou, quem sabe, Super Mario Galaxy 3 com participação especial do Sonic? Em qualquer um dos casos, parece existir certo padrão: uma semente é fornecida — por exemplo, a simples existência de um sucessor —, e esta acaba regada por uma boa dose de imaginação, interesse e conhecimento de causa... Para não falar em certa falta de pudor.


Não parece muito arriscado afirmar que os rumores ocupam papel central na construção de um terreno fértil para novos produtos. Em maior ou menor grau, a notícia de um cargo misterioso na Blizzard ou sobre as possibilidades geradas pelo formato do “V” de GTA V não fazem outra coisa que não chamar a atenção para a próxima empreitada da companhia em questão — e isso não poderia ser mais comercialmente interessante, é claro.
Entretanto, basta uma rápida pesquisa no Google por “Xbox 720” ou “PlayStation 4” para perceber que algo aconteceu à sempre informal indústria do “pode ser que”. Embora a grande maioria dos “visionários” espalhados através do globo não seja composta de designers profissionais, fato é que a acessibilidade cada vez maior de ferramentas de edição de imagem tem dado assas e um alcance sem precedentes para algo que, antes, existia apenas como concepção mental.
Ok, é possível simplificar um pouco as coisas, dando mais materialidade à ideia.
“Não acredito. O que, tem uma imagem? Ah, bom!”Uma ideia na cabeça, um editor de imagens no computador
  • O controle do Wii U

É verdade que o Wii U já foi oficialmente anunciado. Dessa forma, deve existir poucas pessoas que ainda desconhecem o formato assumido pelo novo controle do console. Mas as coisas eram ligeiramente diferentes quando surgiram os primeiros indícios de um periférico com funções de tablet. Ou será que ninguém mais se lembra da enxurrada de candidatos a controle do Wii U surgidos pouco antes do anúncio oficial?
De fato, vale lembrar novamente da única informação oficial da Nintendo à época: “estamos trabalhando em um novo console”. Centenas de companhias desenvolvendo jogos, alta-definição, o possível título de “Nintendo Feel”... Enfim, pura criatividade.
  • Xbox 720
A atual geração de consoles começa a dar os primeiros sinais de cansaço. São comentários sobre limitações daqui, boatos sobre jogos sendo desenvolvidos dali... Certamente o suficiente para que muita gente (com mais ou menos talento artístico) comece a se perguntar sobre o formato e as funcionalidades das plataformas que representarão q oitava geração de consoles.
Senão, faça uma experiência: entre no Google (ou em qualquer outro mecanismo de buscas) e digite “Xbox 720”. Os resultados vão do “plausível” ao “futurístico”, passando ainda pelo “obviamente nonsense” — como em algumas bizarrices alienígenas cheias de botões e direcionais.
  • PlayStation 4

Outro campeão de apostas prováveis e improváveis. Quer dizer, sejamos realistas: a única informação razoavelmente concreta até o momento é que, espera-se, haverá um sucessor para a máquina de games da Sony. Bem, isso e a possibilidade um tanto remota de que alguns jogos para o console já se encontrem em desenvolvimento. De qualquer forma, nada que justifique toda a criatividade destilada por designers amadores com um bom tempo livre, certo?
  • Grand Theft Auto V
GTA V já era alvo de inúmeros rumores mesmo antes de ser oficialmente anunciado — o vídeo acima circulou durante um bom tempo, supostamente contendo imagens altamente confidenciais do game... Embora registradas por um cinegrafista com problemas motores óbvios.
Afinal, a comunidade gamer parece precisar de muito pouco para gerar uma imensa teoria da conspiração. De fato, bastou que a Rockstar liberasse o nome do game para que algumas teorias começassem a surgir. Por exemplo, alguém percebeu que o “V” (cinco) compartilha o formato com as notas de cinco dólares veiculadas até meados da década de 1960. Um GTA de época? Pouco provável, conforme mostrou o primeiro trailer oficial do game.
  • Ah, o NGP!

“Como? Quem?”. Como o anúncio oficial do PlayStation Vita, é bem provável que muita gente tenha se esquecido da enorme profusão de rumores e imagens editadas que se propunham a revelar o formato do novo portátil da Sony — à época chamado de NGP. É claro que grande parte dos rumores realmente se confirmaram, fazendo do Vita um dos poucos casos em que os rumores não exatamente saíram de controle.
Crie o seu próprio rumorAlguns passos para compor a sua própria informação duvidosa
Não, o Game Vita não está incentivando ninguém a colaborar com a “esculhambação” das histórias improváveis. Mas fato é que qualquer rumor parece respeitar certo padrão de formação razoavelmente constante. Algo mais ou menos assim:
  • Deve parecer plausível
Não adianta tentar espalhar que a Microsoft deixará a indústria da informática para apostar exclusivamente em submarinos de tecnologia militar. A informação deve ter algo de verossímil e, principalmente, deve ser algo que as pessoas estejam ávidas por ouvir.
Ao final, você pode acabar como um visionário... Quando, na verdade, apenas afirma verdades óbvias antes que outros o façam (Michael Pachter, Alguém?). Quer dizer, alguém aí realmente precisaria de uma informação oficial da Nintendo para imaginar que o Wii U teria gráficos em alta-definição? Ou será que é preciso esperar pelo lançamento de GTA V para imaginar que o impacto causado pelo game deve ser de enorme proporção?
  • Fontes anônimas misteriosas (você não pode ser a origem!)
Eis um dos principais mandamentos do bom espalhador de rumor. Nunca, em hipótese alguma, você mesmo pode ser a fonte do rumor — mesmo que a criação seja sua! Deve existir uma fonte misteriosa dentro da empresa em questão (um empregado descontente, talvez) que tenha passado as informações anonimamente. Ninguém resiste à ideia de uma informação exclusiva, e a falta de um rosto para a associação parece (estranhamente) reforçar a possibilidade.
  •  Imagens são fundamentais

Ser um espalhador de rumores na era pré-internet devia ser realmente algo penoso. Além de respeitar os dois pontos anteriores, haveria apenas um bom argumento para sustentar a hipótese improvável. Bem, com o advento e a popularização dos programas de edição de imagens, tudo fica mais fácil, certo? Basta jogar algum esboço estilo Frankenstein na internet e aguardar pelo resultado.
  • Pesquisas no Google devem trazer algum resultado
Eis a prova real que não deve ser esquecida por nenhum propagador de rumores profissional. Qualquer sujeito mais ou menos esclarecido, assim que tenha terminado de ouvir a sua história, partirá automaticamente para uma busca no Google. A regra é clara: os resultados devem aparecer. Não podem ser muitos, já que isso tonaria o rumor “óbvio demais”, nem tão poucos, o que pode acabar tirando força da sua invenção.

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