Os números não mentem: Call of Duty é a maior franquia do entretenimento atual, vendendo milhares de unidades todos os anos e gerando uma legião de gamers que se matam diariamente nas arenas online. CoD: Black Ops Declassified marca a estreia da franquia na nova geração de portáteis.
A trama traz de volta personagens consagrados como Woods e Mason, em uma série de arquivos de velhas missões que estão deixando de ser confidenciais. A trama também serve como prelúdio à de Black Ops 2. E, como não poderia deixar de ser, os modos multiplayer tradicionais agora estão presentes na palma da mão dos jogadores e podem ser levados a qualquer lugar.
Uma receita que tinha tudo para ser perfeita, mas acabou resultando em fracasso.
Aprovado
Ação em várias frentes
Seguido a moda de seus irmãos maiores para os consoles, Call of Duty: Black Ops Declassified apresenta diversos modos diferentes de jogo. Além de Operations – a campanha principal, que aqui aparece de forma episódica –, o destaque fica para Hostiles, extra já conhecido que desafia o jogador a sobreviver pelo maior tempo possível enquanto enfrenta hordas de inimigos.
O espírito continua o mesmo da história principal: atirar em tudo o que se move. Aqui, porém, é possível montar pequenas estratégias e controlar o fluxo dos combates, fugindo, se escondendo ou levando os inimigos para pontos determinados no mapa. Hostiles vai agradar aqueles que quiserem dar uma pausa na jogabilidade linear de Operations.
Há ainda o modo Time Trials, também aos moldes de antigos games da série. Seguindo por um circuito de testes, o jogador deve cumprir tarefas no menor tempo possível e com o máximo de precisão, ganhando pontos de acordo com seu desempenho.
Reprovado
Jogo celular querendo ser grande
Durante toda a experiência com Call of Duty: Black Ops Declassified, é impossível não questionar exatamente o que um game como esse está fazendo no PlayStation Vita. O título tem cara de jogo móvel e, no portátil da Sony, fica apenas a impressão de que ele custa muito mais do que realmente vale.
Pelo preço tabelado de US$ 49,99 (cerca de R$ 100), você levará para casa um game que pode ser terminado em cerca de uma hora. E apesar da variedade de modos, considerada um ponto positivo, o total de conteúdo extra single player adiciona não mais do que alguns minutos de jogabilidade no total.
A franquia Call of Duty é reconhecida por não apresentar histórias extensas. Mas ainda assim, esperar que os jogadores se satisfaçam com apenas dez missões de cinco minutos cada uma, após terem pago um valor cheio por elas, é apostar demais na ingenuidade do público. Black Ops Declassified é um jogo oportunista, feito apenas para aproveitar o poderoso nome da franquia da qual faz parte, mas sem fazer jus a ela.
Pequenas anedotas
Mesmo com suas campanhas curtas, Call of Duty nunca deixou de apresentar enredos elaborados, personagens bem construídos e cenas alucinantes, capazes de deixar qualquer jogador de cabelo em pé. Nada disso está disponível em Black Ops Declassified, que traz uma estrutura episódica vazia e sem sentido.
Todas as missões são apresentadas como pequenos casos, que remontam as principais missões dos agentes Woods e Mason. O clima é de lembranças, com um narrador analisando arquivos e comentando sobre os maiores feitos dos soldados em campos de batalha ao redor do mundo. Os capítulos não têm ligação entre si e Call of Duty: Black Ops Declassified não traz um enredo geral.
Até mesmo a conexão com o recém-lançado game para PC, PlayStation 3 e Xbox 360 aparece apenas na última fase. O desenvolvimento disso é extremamente fraco e nada criativo. A verdade é que o prelúdio apresentado é inútil e mesmo os fãs hardcore da franquia não precisam se desesperar para jogar o game portátil e entender a história por completo.
Os haters da franquia terão razão ao dizer que este game se resume apenas a tiros por todos os lados. Foi justamente isso que a desenvolvedora Nihilistic criou: um título no qual o objetivo é apenas atirar em tudo o que se move. Não existe motivação, não existe enredo e, acima de tudo, não existe cérebro.
Arquivos guardados há muito tempo
Call of Duty: Black Ops Declassified também falha como mais uma promessa de trazer um game no nível dos consoles de mesa ao portátil da Sony. Além dos itens acima, o jogo também traz gráficos abaixo da média, que lembram a era PS2 e passam longe do potencial alardeado pela fabricante nas campanhas de marketing do Vita.
A baixa qualidade fica aparente logo no início, quando surge a primeira cena de corte. É possível perceber claramente os fragmentos da compressão de vídeo, para fazer com que as cutscenes coubessem no tamanho total do título. Para se ter uma ideia de como as imagens surgem na tela, basta assistir a um vídeo no YouTube em baixa qualidade. A sensação é exatamente a mesma.
As fases trazem cenários repetitivos e pouco criativos, com texturas chapadas e elementos iguais que aparecem em sucessão. Existe apenas meia dúzia de modelos diferentes de oponentes ao longo de todo o título, um reflexo de instalações inimigas que são sempre iguais. Tudo é padronizado em Call of Duty: Black Ops Declassified e todas as missões deixam uma sensação de deja vu.
Haja paciência!
Se você está lendo até aqui, pode estar pensando que o modo multiplayer, a grande tradição da franquia Call of Duty, será o salvador de Black Ops Declassified. Infelizmente, problemas de infraestrutura impedem que a diversão seja garantida também aqui. Se você conseguir encontrar uma partida com facilidade e jogá-la até o fim, sinta-se com sorte.
O sistema de matchmaking não funciona na maioria das vezes, renegando o jogador a muitos minutos de espera por novos jogadores. Quando um lobby completo finalmente é montado, o loading da arena ocupa a tela por mais algum tempo, com muitas chances de queda na conexão. O início da partida não é garantia de sucesso, já que tudo pode ir por água abaixo a qualquer momento.
É uma pena, pois o game traz versões menores de mapas clássicos de Call of Duty: Black Ops, constituindo uma boa lembrança e uma ótima alternativa para jogatinas rápidas e em qualquer lugar. Declassified, porém, ainda está longe de ter a mesma força online de seus irmãos maiores.
Vale a pena?
Praticamente todos os aspectos dessa análise seriam modificados se Call of Duty: Black Ops Declassified fosse um título para celular. A ação rápida e o modo multiplayer com mapas mais intimistas seriam perfeitos no iOS ou Android. No Vita, porém, o game torna-se apenas uma mera tentativa da Activision em tirar mais alguns trocados do bolso dos jogadores, da pior maneira possível.
Uma pena para os jogadores do portátil da Sony, que ainda carecem de bons jogos e poderiam ter em mãos um título exclusivo e parte de uma grande franquia, trazendo profundidade e qualidades ao aparelho. Se Call of Duty: Black Ops Declassified fosse um soldado, estaria limpando privadas e descascando batatas, e não sendo enviados em missões importantes ao redor do mundo.
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